No século XV, mais precisamente em 1419, a ilha foi descoberta pelos Portugueses, João Gonçalves Zargo e Tristão Vaz Teixeira e, a partir de então, a ilha passou a ser conhecida por Madeira, devido à abundância desta matéria-prima. No entanto, na antiguidade, os Romanos já conheciam a ilha da Madeira como sendo a Ilha Púrpura.
Cerca de 6 anos após a descoberta, a colonização humana iniciou-se a mando do Infante D. Henrique dado que, encontravam-se em jogo interesses territoriais e económicos. Nessa altura a costa Sul, muito mais abrigada e solarenga, viria a revelar-se, num curto espaço de tempo, muito mais produtiva que a Norte; servida por uma ampla baía central, igualmente muito abrigada, cortada por 3 ribeiras e onde havia muito funcho, fez com que o primitivo lugar do Funchal prosperasse rapidamente impondo-se, de certa forma, como capital da ilha.
Actualmente, a população humana concentra-se principalmente nos concelhos do Funchal, Câmara de Lobos, Santa Cruz e Machico (Imagem 6) devido, em grande parte, a factores de ordem física e humana.
Os factores físicos são:
-relevo;
-exposição das vertentes;
-condições meteorológicas.
A ilha da Madeira, com 58 km de comprimento e 23 km de largura máxima, apresenta uma cordilheira montanhosa central, com orientação Este-Oeste, que individualiza duas vertentes: Norte e Sul. O relevo da ilha é muito acentuado, com vales profundos e arribas altas, resultantes sobretudo da intensa erosão causada pelas chuvas e pelo mar. No entanto, a encosta Sul apresenta um relevo mais suave do que a encosta Norte, mais íngreme.
A irregularidade do relevo condiciona significativamente o clima a nível local. O clima da Madeira resulta da influência conjunta de vários factores, uns de carácter geral, outros à escala local. Nos de carácter geral destacamos a latitude, a situação oceânica e o anticiclone dos Açores. Nos de carácter local destaque para a altitude, a exposição das vertentes à radiação solar e a influência dos ventos alísios (oriundos de Norte e Nordeste). Assim, a vertente Norte está mais exposta aos ventos, é mais húmida, apresenta maior pluviosidade e menor exposição solar que a vertente Sul, protegida pela cordilheira montanhosa central. Estes ventos (alísios) frescos e húmidos, originam uma zona de nevoeiros permanente a altitude variável, cujo limite inferior se observa a cerca de 500 m, durante o Inverno, e pouco mais acima durante o Verão. Esse mar de nuvens, de natureza orográfica, forma-se pela subida de massas de ar carregadas de humidade nas encostas viradas a Norte. Estas massas de ar ao encontrarem as vertentes íngremes são “obrigadas” a subir. Durante essa subida, o vapor de água condensa, culminando em precipitação (imagem 1). A precipitação nas zonas a Norte ronda os 1000 mm em contraste com a vertente Sul da ilha onde a precipitação ronda os 500 - 650 mm. A precipitação aumenta com a altitude, daí que nos picos mais altos e nos planaltos, os valores se encontrem acima dos 3200 mm (imagem 2).
A média anual de humidade relativa varia entre os 55 %, junto à costa, até aproximadamente os 90 % na zona de condensação dos nevoeiros.
Quanto à temperatura, não ocorrem grandes variações térmicas durante todo o ano mantendo-se com temperaturas médias entre os 16 e os 23 ºC, sendo Agosto o mês mais quente e Fevereiro o mais frio. Existem no entanto variações térmicas mais acentuadas nas grandes altitudes (imagem 3).
Tal como já foi referido, desde o início do povoamento que a população começou a concentrar-se no Funchal e progressivamente nos concelhos vizinhos.
A agricultura, sector primário, constituiu a actividade económica predominante na Madeira (imagem 4) até à actualidade, ocupando cerca de 75 % dos seus habitantes. A fertilidade dos solos, a temperatura, o número de horas de Sol e a humidade foram factores importantes no desenvolvimento desta actividade aquando da fixação humana. No que toca à prática agrícola, organizada em socalcos, distinguimos três andares (imagem 5):
- nas terras de baixa altitude, até aos 300 m, podemos encontrar culturas de maior rendimento como, como a banana, a anona, a manga, a papaia, a pêra-abacate, a cana-de-açúcar, o maracujá, a vinha, entre outras espécies tropicais;
- nas altitudes intermédias situam-se culturas como a batata, o feijão, o trigo, o milho e árvores de fruta da região mediterrânica (figueira e nespereira);
- nas altitudes mais elevadas encontram-se os pastos, os pinhais, os eucaliptais, os soutos e os restantes bosques (sejam de Laurissilva ou de floresta exótica).
Dentro deste mesmo sector, a pesca apresentava elevada importância, embora, hoje em dia, tenha perdido parte dessa relevância.
A ilha da Madeira sempre foi considerada uma região agrícola. No entanto, ao longo da sua história surgiram várias indústrias das que destacamos a indústria da obra de vimes, dos bordados, vinícola, da cana sacarina, dos lacticínios, do tabaco, das conservas de peixe, das velas de estearina e de cera, do sabão, da serração de madeiras, de massas alimentícias, de adubos químicos, de tintas, etc. Estas indústrias, instaladas essencialmente na costa Sul da Madeira, obrigaram à fixação de grande parte da população nesta região pois procuravam melhores condições de vida.
O turismo e o comércio, sector terciário, tiveram também uma grande influência na distribuição da população na Madeira. Tal como se verificou com a indústria, as populações fixaram-se no litoral, onde as infra-estruturas hoteleiras, turísticas e comerciais tiveram maior implantação.
Resumindo e concluindo, a população humana na ilha da Madeira tende a localizar-se preferencialmente na costa Sul, apesar de se verificar uma forte litoralização ao longo de toda a ilha (imagem 6 e 7). Recentemente, esta tendência inverteu-se devido à grande melhoria das estruturas viárias, a população começou a instalar-se nos concelhos limítrofes do Funchal principalmente em Câmara de Lobos e Santa Cruz.

Imagem 1: Formação das chuvas orográficas
Imagem 2: Precipitação na ilha da Madeira
Imagem 3: Temperaturas médias ao longo do ano na ilha da Madeira
Imagem 4: Principais culturas da ilha da Madeira
Imagem 5: Perfil da ilha da Madeira (Norte-Sul), diagramas termo-pluviométricos e zonas de vegetação
Imagem 6: Densidade populacional por concelho
Imagem 7: Distribuição esquemática das habitações
Imagem 8: Evolução da densidade populacional (1890 – 1950)
Fontes:
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